sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fim de uma etapa!!

Olá pessoal! Faz tempo, não??? Estava com saudades do meu blog, mas sem tempo, coisa que agora não será mais problema.

Hoje, com muita dor no coração, entreguei minha turma. Desde o começo do ano, ela já estava me tomando muito tempo, principalmente porque era muito numerosa e extremamente indisciplinada. Eu tinha alunos de 09 até 15 anos na mesma sala, e a grande maioria sem saber ler nem escrever, alguns nem sequer sabiam os números. Tentei fazer como no ano passado, encarei como um desafio pessoal, mas infelizmente, ou felizmente, ainda não sei, não consegui concluir meus intentos. Desde os primeiros dias, percebi que seria infinitamente mais difícil que ano passado, pois os alunos eram totalmente sem limites, juntando com os remanescente da minha turma do ano passado, a coisa ficou feia. Todos os dias, sem excessão, fui xingada, mandada tomar naquele canto que quando toma sol não queima (KKKKK!), que tudo que eu levava como material era uma m..., enfim, muita humilhação para uma só pessoa. Ainda consegui levar até o final derradeiro do semestre, em respeito aos alunos que ainda queriam aprender alguma coisa, mas não deu mais para ficar, eu queria muito, mas não deu.

Uma quantidade boa de alunos, começaram a ler este ano, estavam fazendo continhas, estavam entendendo melhor as atividades propostas, mas em contrapartida, tinha que dar aulas também a quem não queria absolutamente nada com nada, que ia para a sala de aula somente para atrapalhar, um deles, tinha o péssimo e horroroso hábito de esperar eu começar as explicações para falar palavras soltas somente para me atrapalhar e não deixar os colegas entenderem , e vai pedir para parar, era tanto palavrão, tanta falta de educação, que ainda hoje me questiono como aguentei tanto tempo. Numa outra ocasião, que foi o momento que percebi que comecava a fraquejar, um outro determinado aluno (Deus me perdoe, mas não aguento nem pensar no nome deste infeliz de tanto abuso que tomei dele!) queria sair da sala de aula de qualquer jeito, pois era uma segunda-feira, e o dito cujo queria ir a feira para ficar pedindo as coisas, sei lá o que mais faz por lá, eu aguentei, das 7 horas da manhã até as 11:20 hs este menino me insultando, tudo o que eu explicava ou perguntava, ele da carteira dele dizia: eu entendo que vc é uma rap.... e quando sair daqui vai dar ...; eu sei que você gosta mesmo é de ...! Gente, isto durou a aula toda, se vc pedia para parar era pior, já tinha falado com a direção, mas infelizmente neste caso nada podia ser feito, pois todos sabiam que ele queria isto mesmo, ir embora para a feira. Neste dia, eu cheguei em casa, normal, mas quando meu marido chegou, eu comecei a contar o ocorrido e chorei, chorei e chorei, isto pela primeira vez em minha vida de professora, por isso comecei a me questionar tb, que eu não merecia uma humilhação desta natureza. A derradeira causa, a gota d'agua, foi o aluno que adora falar enquanto eu explico. Já faziam uns 3 dias que ele ia para a escola e não fazia absolutamente nada, chegava, deitava na carteira e dormia, se vc tentasse acordar ele, era recebida com toda sorte de palavrões que possa existir, neste dia, enquanto eu explicava o texto onde iríamos fazer a prova de religião, ele foi para a janela do fundo da classe para ficar mexendo com a turma de outra professora, pedi para ele sair, e como sempre, as respostas foram as mesmas: venha me tirar daqui se tem coragem, quem vc pensa que é, e essas coisas que alunos sem limite aprende em casa a falar. Eu fui e fechei a janela, na mesma hora, ela avançou para cima de mim dizendo que eu queria dar nele, como eu não estava sendo paga para apanhar de aluno, eu simplesmente empurrei ele, mas pra que, o menino começou a gritar, e eu voltei para meu lugar na frente da sala, quando pensa que não, ele pega uma cadeira e joga em cima de mim, como eu sabia o que iria acontecer, sai da frente e pegou na parede, ele saiu correndo, e voltou com a mãe dele, que nunca apareceu numa reunião sequer, toda cheia de razão dizendo que eu tinha batido no filho dela, e fez aquele escandalo que vcs podem imaginar. O pior de tudo que achei, foi o que ela falou: que ela é obrigada a colocar o filho na escola, ele não é obrigado a ir na escola pra aprender, que ele pode fazer o que quiser, e que eu sou paga para aguentar o que ele fizer calada. Ou seja, ela não educa e somos obrigadas a aguentar o que ela criou. Eu pedi reunião do conselho de escola, me ouviram, ouviram a mãe e o menino, e acharam melhor, para minha integridade física, segundo elas, que eu me retirasse da escola, o menino, nada de punição.

Então, hoje, me despedi dos alunos que foram a aula, expliquei para eles o motivo de minha saída, fiquei triste demais, pois a maioria chorou sem controle, os que davam trabalho e os que não davam, por estes, eu continuaria sempre, mas infelizmente o kit tem que ser comprado completo, e assim eu não quero. Saio sabendo que fiz o meu melhor, e acho que meus alunos tb acham isto, a grande maioria, sim, mas outros, não quero nem sequer saber que eles existem, minha mágoa ainda é mt grande, e creio não vai passar tão cedo.

O que me questiono é o seguinte: lendo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que segundo todos dizem, foi um grandiosíssiomo avanço (para mim, um retrocesso, pois dá direitos demais a adolescentes e deveres de menos!), você só encontra a criança deve ser protegida disto, daquilo, daquilo outro e coisas mais, mas, quem protege este menor de uma família que não educa e não coloca limites? Tive alunos de 10 anos horrorosos, que quando chamava a mãe, me dizia que não podia com o filho não, que ele era impossível e que ela não podia fazer nada. Eu com meus 41 anos ainda obedeço minha mãe, como um cabra de 10, a mãe deixa chegar a este ponto, é falta de limite, de castigo grande. Quando é pequeno, fica em casa aperreando a mãe, então ela quer sossego para assistir as novelas dela então manda ele para ir para fora de casa e aprender o que não presta e depois não consegue educar novamente. Outra questão, quem protege o profissional de sofrer as humilhações como as que eu sofri? Pois o estatuto é claro, nenhuma criança pode ser punida, se o crime não for gravíssimo. Até quando temos que aguentar isso? Até quando vamos ter que fazer encaminhamentos para psicólogos achando que o menino vem de uma família desestruturada, que isto e que aquilo, e que conversa resolve, talvez resolva, mas os palavrões continuam os mesmo, a humilhação ao professor passa a ser ainda maior. Quem vai proteger os menores de famílias que não educam? Quem protege o professor das humilhações que é obrigado a passar?
Ainda me questiono se fiz a coisa certa, mas o conselho escolar já havia decido pelo meu afastamento, quanto a isso não podia mesmo fazer nada. Agora, vou relaxar e esperar o Banco do Nordeste me chamar. Sim, porque, ainda nem tinha postado, mas passei no concurso do BNB, fiquei em 135º lugar na classificação geral e em 28º pelo pólo. Rezem para que eu passe. Dia 07 de agosto, começarei tb a minha pós-graduação, e quero estudar mt para quem sabe ser chamada para um mestrado. Vou me apegar as palavras de minha amigona Valéria: Deus está fechando somente uma porta, mas várias janelas podem se abrir.
Bjuuus a todos.

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